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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Banco Central mantém taxa de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira a manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em 14,25%. 

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Pela quarta vez somente esse ano, e mesmo com alta da inflação, o Banco Central optou por não mexer na taxa de juros. Em uma votação vantajosa de seis votos a dois, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa Selic na casa dos 14,25% ao ano, taxa essa que está com esse valor desde julho de 2015. 

A decisão, tomada por 6 votos a 2, do Comitê de Política Monetária (Copom) levou em conta "a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, além das perspectivas da inflação", segundo um comunicado divulgado pelo BC. Também é surpreendente a discrepância dos votos do BC. Não é raro que os integrantes do Copom tenham votos divergentes, mas é muito incomum que a decisão entre eles seja tão diferente como foi a desta quarta-feira, com seis diretores votando pela manutenção e dois votando por uma alta expressiva, de meio ponto porcentual.

Essa divergência, além do "recuo" do BC de uma ação mais firme na política monetária, tendem a puxar a alta do dólar nos próximos dias. Foi o que ocorreu nos últimos dois dias, nas sessões que se seguiram à declaração de Tombini. Nesta quarta, o dólar fechou em 4,10 reais, seu maior valor de fechamento desde setembro do ano passado.
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A taxa de juros sempre foi tida como um instrumento crucial no combate a inflação. A ideia é que, ao encarecer o crédito, os juros mais altos ajudam a reduzir o consumo, segurando o reajuste de preços.

Para os defensores do aumento, sua elevação também sinalizaria para o mercado que o BC estaria disposto a fazer o que for necessário para combater a inflação - o que faria com que empresários, comerciantes e prestadores de serviço esperassem uma inflação menor para o futuro e reajustassem seus preços de acordo com essa estimativa mais moderada, como explica o professor do Insper Michael Viriato.

Para um grupo de economistas, a alta de juros não seria eficiente no combate à inflação hoje porque não há um excesso do consumo. Alguns também ressaltam que uma Selic mais elevada complicaria os esforços do governo de fazer um ajuste fiscal, uma vez que parte da dívida pública é referenciada pela taxa - ou seja, essa dívida aumenta conforme os juros sobem.

E alguns acham também que um aumento da taxa poderia até dificultar o controle de preços, ao fazer com que seja mais vantajoso para o empresário deixar o dinheiro no banco, rendendo juros, em vez de investir na economia real - o que poderia levar a uma restrição da oferta de alguns produtos.

"Em 2015, o que impulsionou a inflação foi o aumento dos preços administrados, como energia e combustíveis, além de questões ligadas ao suprimento de alguns alimentos. Como o problema não é o excesso de consumo, a alta dos juros não seria uma solução. E poderia até agravar a recessão na medida em que inibiria novos investimentos", opina Cristina Reis, professora de economia da Universidade Federal do ABC.
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Uma nota do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, divulgada na véspera da decisão fez muitos economistas mudarem suas projeções. No texto, ele afirmou que considerava "significativas" as novas projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) indicando piora no cenário econômico brasileiro.

Para analistas, foi um recado do BC de que adotaria uma postura mais alinhada com o Palácio do Planalto, que prefere manter os juros inalterados para evitar mais abatimento econômico.



Tombini afirmou que "todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom" são consideradas para a decisão sobre os juros. A declaração não traz novidade - o BC tem, afinal, que estar atento a todos os elementos que tenham impacto sobre a inflação. Ainda assim, ela foi interpretada como um sinal de que o BC poderia ser comedido na decisão desta quarta, já que a revisão feita pelo FMI nada mais fez do que alinhar as projeções do Fundo a um desempenho da economia brasileira já amplamente esperado pelos agentes econômicos.


A interpretação feita pelo mercado acabou sendo certeira. Ou talvez nem tanto: economistas que revisaram as previsões para a decisão do Copom o fizeram apostando em elevação de apenas 0,25 ponto porcentual. A manutenção era o cenário menos provável desenhado pelos analistas.

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A notícia da manutenção da taxa foi bem recebida, principalmente para o setor produtivo. Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que a decisão foi sensata, principalmente por causa da recessão da economia do país e diante da incerteza da economia mundial. Na visão da CNI, a política monetária não influencia mais o controle da inflação. Com um possível aumento na taxa de juros, o resultado seria uma maior recessão na economia brasileira.


A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é usada como referência para outras taxas de juros que movimentam a economia. Quando a taxa sobe, a intenção do Banco Central é conter o excesso da demanda, para aumento dos juros e estimular a poupança. Quando a taxa cai, tende-se a produzir mais, pois o consumo aumenta devido à baixa taxa de juros, o que resulta na perda do controle da inflação.

Ainda na nota divulgada e publicada pela Agência Brasil, tanto a confiança do Brasil como o combate à inflação, dependem de se consolidar o ajuste fiscal de forma permanente juntamente com o controle dos gastos públicos. Ainda na nota, a CNI ressalta que também são necessárias reformas para melhoria do ambiente de negócios e a produtividade das empresas.

No Relatório de Inflação divulgado em dezembro de 2015, o Banco Central estima que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano de 2016 acima de 6%, motivado pelo pessimismo do mercado atual.

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