A quantidade de cana-de-açúcar moída pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do país no acumulado do ano (desde o início da safra, em abril, até 1º de outubro) atingiu 440,44 milhões de toneladas, uma alta de 15,4% em comparação à safra anterior.
O resultado foi alcançado mesmo com condições meteorológicas adversas registradas em setembro. O índice de precipitação pluviométrica em tradicionais regiões canavieiras atingiu níveis mais elevados na última quinzena do mês. As chuvas dos últimos dias nas principais regiões produtoras de cana-de-açúcar no Centro-Sul do País foram bem vindas para a safra 2013/2014.
O País deve colher 587 milhões de toneladas de cana-de-açúcar até o início do próximo ano, ante 532 milhões da safra passada, segundo dados da União Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).
Segundo as análises da Datagro, até 2030 o Brasil tem potencial para superar a produtividade de 12 mil litros de etanol por hectare, ante a atual produção de sete mil litros por hectare com a cana-de-açúcar e de 3,5 mil litros de etanol por hectare de milho. Mesmo assim, não há um plano para que as usinas aumentem a área plantada ou que invistam em tecnologia para aumentar a produtividade.
Em agosto, pela primeira vez desde 2009, o País zerou a importação de gasolina em função do aumento do etanol anidro na mistura do combustível. Somente no ano passado, o Brasil importou 3,8 bilhões de litros de gasolina, por cerca de R$ 10 bilhões, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O aumento do consumo interno e a necessidade de anidro para a mistura fez com que o setor direcionasse a maior parte da moagem da cana para o biocombustível.
Com isso, para a produção de açúcar, embora a moagem de cana tenha aumentado no Centro-Sul, o volume destinado ao produto não subiu. Nos últimos três anos, as usinas têm destinado ao açúcar cerca de 35 milhões de toneladas de cana. Enquanto isso, a demanda por açúcar no mundo aumenta em cerca de quatro milhões de toneladas ao ano e há risco do Brasil perder espaço nesse segmento, justamente pela falta de visão estratégica.
O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do País recuou 20,30% na segunda quinzena de setembro em relação aos primeiros 15 dias do mês, totalizando 34,16 milhões de toneladas.
Essa queda ocorreu devido ao excesso de chuvas que atingiu a região produtora, interrompendo a operacionalização da colheita. “As máquinas que realizam a colheita não conseguem adentrar os canaviais com o solo muito úmido, o que comprometeu o ritmo de moagem”, explica o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues.
O índice de precipitação pluviométrica em tradicionais regiões canavieiras atingiu níveis mais elevados na última quinzena de setembro. Em Piracicaba, por exemplo, o índice totalizou 27,20 milímetros na segunda metade do mês, ante 3,80 milímetros nos primeiros 15 dias, segundo estatísticas da Somar Meteorologia. Em Sertãozinho foram 83,00 milímetros.
O número de dias de moagem perdidos registrados pelas usinas da região Centro-Sul também aumentou consideravelmente: de 3,09 dias perdidos na primeira quinzena de setembro saltou para 5,51 dias na segunda metade deste mês.
Mesmo diante destas condições climáticas adversas, no acumulado desde o início da safra 2013/2014 até 1º de outubro a quantidade moída de cana-de-açúcar cresceu 15,49% quando comparada àquela verificada no mesmo período de 2012, totalizando 440,44 milhões de toneladas. Porém, este montante segue abaixo das 444,88 milhões de toneladas observadas em igual período da safra 2010/2011 – ocasião em que a região Centro-Sul processou 556,95 milhões de toneladas ao final daquela safra.
Em relação à produtividade agrícola, esta permanece superior àquela apurada no último ano. Estatísticas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) informam que o rendimento médio do canavial colhido em setembro alcançou 75,50 toneladas de cana-de-açúcar por hectare, alta de 4,10% comparativamente ao valor observado no mesmo mês do ano anterior. No acumulado desde o início da safra 2013/2014 até o final de setembro, o rendimento agrícola da área colhida atingiu 82,50 toneladas de cana por hectare, alta de quase 10% em relação a idêntico período de 2012.
Os fornecedores de cana-de-açúcar e as destilarias que produzem etanol operaram com margens negativas na safra 2012/13. Os custos de produção foram muito superiores aos preços recebidos, diz estudo elaborado por técnicos do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Pecege/Esalq). Os dados foram apresentados na reunião da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que encomendou o estudo.
Os pesquisadores calculam que, na Região Nordeste, os fornecedores independentes tiveram margem negativa em 31%, com uma perda de R$ 22,91 por tonelada de cana produzida. Nas regiões tradicionais de São Paulo e do Paraná, o prejuízo chegou a 21,13% (R$ 13,61/tonelada). Nas áreas de nova fronteira da cana (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais) o prejuízo foi de 3,94% (R$ 2,53/tonelada).
O estudo do Pecege sobre o etanol mostrou que as margens de lucro das destilarias foram negativas em 17,5% para o combustível hidratado no Nordeste, de 12,2% nas regiões tradicionais e de 11,9% nas de expansão. No caso do etanol anidro, as margens foram de menos 6,4% nas regiões tradicionais, de menos 5,2% nas áreas de expansão e de menos 11,4% no Nordeste.
Pelos cálculos do Pecege, o açúcar foi o único dos três produtos do setor sucroalcooleiro que proporcionou margens positivas na safra passada. Na Região Nordeste, o lucro foi de 10% para o açúcar branco. Na região de nova fronteira, o açúcar bruto (VHP), destinado à exportação, gerou margem de lucro de 11%. Na demais regiões, tanto para o açúcar branco quanto para o VHP a margem foi de pouco mais de 2%.
Qualidade da matéria-prima
A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima processada totalizou 150,32 kg nos últimos 15 dias de setembro, próximo aos 150,14 kg registrados na mesma quinzena de 2012.
Porém, no acumulado desde o início da safra 2013/2014 até 1º de outubro, o teor de ATR alcançou 133,08 kg por tonelada de cana-de-açúcar, frente a 133,70 kg apurados em idêntico período do último ano.
Segundo o diretor da UNICA, “o indicador de ATR obtido por meio das análises laboratoriais de amostras da cana indica que o clima observado na segunda metade de setembro já promoveu uma retração na concentração de açúcares na planta, a qual deve ser refletida nos dados de produção da primeira quinzena de outubro”. A queda do ATR produto na primeira quinzena de outubro deve ser significativa, acrescentou o executivo.
Esta redução do teor de açúcares na planta está em consonância com a nova projeção recentemente divulgada pela UNICA em 1º de outubro. Segundo esta estimativa, a concentração de ATR ao final da safra 2013/2014 será de 134,00 kg por tonelada, abaixo dos 136,70 kg projetados em abril e dos 135,57 kg registrados na safra 2012/2013.
Produção de açúcar e etanol
Nos últimos 15 dias de setembro, 46,85% da cana-de-açúcar processada destinaram-se à produção de açúcar, percentual inferior aos 48,56% apurados na mesma quinzena do ano anterior. No acumulado desde o início desta safra até 1º de outubro, esta proporção atingiu 45,14%.
Com isso, a quantidade produzida de açúcar somou 2,29 milhões de toneladas na segunda quinzena de setembro, 22,58% abaixo das 2,96 milhões de toneladas verificadas na primeira metade deste mês.
Já a produção quinzenal de etanol alcançou 1,60 bilhão de litros, crescimento de 11,20% relativamente aquela verificada no mesmo período de 2012 (1,44 bilhão de litros). No caso do etanol anidro, este aumento foi de 12,24%, com 711,49 milhões de litros produzidos. Em relação ao etanol hidratado, o volume fabricado foi de 885,61 milhões de litros.
No acumulado desde o início da safra 2013/2014 até 1º de outubro, a produção de açúcar cresceu 5,03% comparativamente a igual período do ano passado, totalizando 25,21 milhões de toneladas este ano contra 24,01 milhões de toneladas em 2012. A produção de etanol, por sua vez, somou 18,83 bilhões de litros - 8,07 bilhões de litros de etanol anidro e 10,76 bilhões de litros de etanol hidratado – aumento de 24,48% relativamente ao mesmo período da safra anterior.
Vendas de etanol
O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul atingiu 2,24 bilhões de litros em setembro, alta de 13,59% sobre o mesmo mês do ano anterior. Este crescimento foi impulsionado pelas vendas ao mercado doméstico, que somaram 1,92 bilhão de litros, frente a 1,49 bilhão de litros registrados em setembro de 2012. As exportações, por sua vez, diminuíram em 32,75% no comparativo com a safra anterior, totalizando 321,80 milhões de litros.
Deste volume destinado ao mercado interno, 1,14 bilhão de litros refere-se ao etanol hidratado, contra 959,03 milhões de litros observados em setembro do último ano. Já o volume comercializado de etanol anidro alcançou 770,22 milhões de litros em setembro deste ano, representando um crescimento de 44,85% sobre o valor registrado em 2012.
No acumulado de abril até 1º de outubro, as vendas de etanol somaram 13,23 bilhões de litros (7,28 bilhões de litros de etanol hidratado e 5,95 bilhões de litros de etanol anidro), contra 10,72 bilhões comparativamente ao mesmo período da safra passada. Deste volume total comercializado em 2013, 11,27 bilhões de litros destinaram-se ao mercado doméstico e 1,96 bilhão de litros à exportação.
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