O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu em um relatório nesta semana que a esperada redução do estímulo monetário dos Estados Unidos representaria um perigo para as economias emergentes, que desaceleraram acentuadamente após a expansão da década passada.
Autoridades econômicas das nações dos BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - minimizaram as preocupações de que as economias emergentes estão perdendo seu apelo. Os principais países de mercados emergentes disseram nesta quinta-feira que o pessimismo sobre o seu desempenho não é justificado pelos fundamentos das economias, que continuam a impulsionar a recuperação global.
Apesar da vulnerabilidade econômica que veio à luz nos últimos tempos, o crescimento mundial ainda continua sendo puxado pelos emergentes, disse o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Bicalho Cozendey, que está representando o ministro Guido Mantega nas reuniões.
Ao mesmo tempo, disse Cozendey, o Brasil é um exemplo de como estas economias têm instrumentos para lidar com o que é hoje uma das mais importantes variáveis de potencial volatilidade financeira para o resto do mundo: os movimentos de capital a partir de uma redução dos estímulos monetários nos EUA.
A discussão sobre o desempenho dos países emergentes é uma das mais relevantes neste encontro do FMI e do Banco Mundial. O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, estimou que os emergentes têm apenas dois ou três meses para se preparar para a redução dos estímulos americanos.
As avaliações refletem os dilemas de curto e longo prazo nessas economias. No curto prazo, o FMI avalia que os emergentes estão bem equipados com mecanismos para contrabalançar a saída de capitais.
Os instrumentos do Brasil foram elogiados: o FMI destacou a taxa flutuante de câmbio, com intervenções 'transparentes e temporárias' no mercado para evitar volatilidade, e a disposição da autoridade monetária brasileira para elevar juros em resposta a pressões inflacionárias (que podem advir também do câmbio desvalorizado).
Olhando para o futuro, os emergentes, incluindo o Brasil, sofrem de 'gargalos de oferta' que comprometem o crescimento potencial da economia. Entre esses gargalos estão o que os analistas chamam de 'custo Brasil': problemas de infraestrutura, falta de mão-de-obra qualificada e travas para o investimento que incluem uma alta carga tributária.
Em paralelo à discussão sobre a saúde dos emergentes, a outra preocupação que corre no encontro do FMI e do Banco Mundial tem a ver com as incertezas quanto a um acordo no Congresso americano para elevar o teto da dívida americana. Se o Congresso americano não elevar o teto da dívida, o que provavelmente desataria uma onda de efeitos sobre a economia mundial, o G20 possui mecanismos de comunicação e coordenação para que o grupo volte a ter 'um papel fundamental, ao estilo do que teve em 2008', disse o secretário.
"Nossa preocupação é que os mercados emergentes estão sendo chamados por todas as fontes de nomes, frágil, etc, quando na verdade esse não é o caso", disse o ministro das Finanças da África do Sul, Pravin Gordhan, à Reuters nos bastidores do encontro anual do FMI e do Banco Mundial em Washington.
"Nossos fundamentos são muito sólidos, apesar de alguns deles (países emergentes) enfrentarem vulnerabilidades específicas, mas o mesmo acontece com países europeus." As expectativas de que o Federal Reserve poderia reduzir o seu programa de compra de títulos desencadeou um êxodo de investidores dos mercados emergentes, levantando temores sobre a força dessas economias.
Ainda assim, os países emergentes dizem que suas economias estão prontas para enfrentar menor liquidez global, com pesadas reservas em dólares e contas fiscais saudáveis.
"Nós não vemos justificativa para tal nível de pessimismo", afirmou o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda brasileiro, Carlos Márcio Bicalho Cozendey, a jornalistas depois de uma reunião de ministros das Finanças dos BRICS.
"Mesmo o FMI em seu relatório diz que, apesar de tudo que está acontecendo, as nações emergentes continuam a apoiar a economia global." As saídas de capital afrouxaram desde que o Fed decidiu não reduzir seu estímulo, no mês passado.
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