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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Perspectivas do Investimento 2014-2017 divulgadas pelo BNDS

Os investimentos na economia brasileira devem crescer cerca de 26% entre 2014 e 2017, na comparação com os quatro anos imediatamente anteriores. Os dados fazem parte da pesquisa Perspectivas de Investimento no Brasil 2014-2017, divulgada nesta segunda-feira (21) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mesmo sem contar os novos projetos trazidos pelo leilão de Libra, os investimentos no setor de petróleo e gás crescerão em 54,4 bilhões de reais entre os anos de 2013 e 2016, somando 458,3 bilhões de reais, segundo mapeamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o estudo da Área de Pesquisa e Acompanhamento (APE) do banco, os aportes totais na economia chegarão a 3,982 trilhões no período, com uma alta de 26,3% ante o ciclo 2009-2012 (considerados os investimentos realizados).
Os investimentos na indústria, incluindo petróleo e gás, somarão 1,1 trilhão de reais nas projeções do banco, volume 24,3% superior aos investimentos do período 2009-2012. Em relação à projeção de investimentos anterior (2013-2016), feita pelo BNDES em fevereiro, foram adicionados 66,77 bilhões de reais. As projeções do BNDES para o setor não incluem projetos a serem adicionados após o leilão de Libra, nem os da 11ª Rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que ofertou novos blocos de exploração, em maio passado.
Apesar do avanço em petróleo e gás, o comportamento de cada setor da indústria é distinto. Dos nove setores mapeados, houve elevação nos investimentos projetados em apenas três. Seis deles deverão investir menos: as indústrias do setor extrativo-mineral, de papel e celulose, química, siderúrgica, eletroeletrônica e aeronáutica. Segundo Puga, o investimento industrial responde a uma mudança de composição, marcada pela crise internacional, na qual os setores voltados para o mercado interno ganham mais dinamismo, em detrimento daqueles voltados para commodities e exportações. 
Os investimentos em telecomunicações deverão acumular o total de R$ 125 bilhões em três anos, segundo a Pesquisa do Investimento 2014-2017 divulgada nesta segunda, 21, pelo BNDES. Assim, os aportes do setor no período representam crescimento de 34% na comparação com triênio 2009-2012, o que a entidade atribui às necessidades de investimentos nas tecnologias 4G e para a possível liberação de espectro da faixa de 700 MHz da TV analógica para a banda larga móvel.

Do total de R$ 509,7 bilhões previstos para infraestrutura pela pesquisa do BNDES, a área de logística (na qual se enquadra o setor de telecom) receberá R$ 163,5 bilhões. Assim, a indústria de telecomunicações representa 76,45% do total da área de logística e 24,52% do total previsto para infraestrutura no País nos próximos três anos.
Segundo o estudo, o papel regulatório da Anatel e o limite da capacidade de financiamento por parte das operadoras pode "acelerar ou frear" os investimentos na área. O secretário de telecomunicações do ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, afirmou em setembro que o governo está "em conversas" com o BNDES para incluir, até o final do ano, a fibra entre os ativos aceitos nas linhas de crédito facilitadas do Finame, que aceita projetos de até R$ 20 milhões. Por sua vez, os projetos do Regime Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga (REPNBL) submetidos ao Minicom já somariam R$ 13 bilhões em investimentos até 2016.
O investimentos previstos para o setor de mineração devem cair 32% de 2014 a 2017, totalizando R$ 47,7 bilhões, segundo projeção do BNDES. Os preços mais baixos afetam produtos como o minério de ferro, carro-chefe da produção da Vale e das exportações brasileiras. A previsão do banco estatal se baseia numa Vale menos agressiva, que reduziu investimentos já nos últimos anos e deve manter a tendência nos próximos. Para a siderurgia, o ambiente para investir é ainda pior, com estimativa de redução de 68% _para R$ 10,4 bilhões de 2014 a 2017, segundo o BNDES. O seto sofre com o excesso de capacidade ociosa das usinas, o que trava novos projetos.

As empresas que atuam no país devem investir R$ 3,98 trilhões a partir do ano que vem até 2017. Os investimentos na economia de 2009 a 2012 foram aproximadamente R$ 3,15 trilhões. Os maiores investimentos estão previstos em agricultura e serviços: R$ 1,5 trilhão em 2014-2017, um aumento de 30,9% na comparação com o quadriênio anterior. Os investimentos em residências devem passar de R$ 867 bilhões (22% de aumento) e em infraestrutura, de R$ 509,7 bilhões (24,8% de aumento).
Os investimentos em logística no Brasil devem crescer 57% nos próximos quatro anos, na comparação com o quadriênio 2009-2012. Dos investimentos previstos em infraestrutura - R$ 509,7 bilhões -, a área de logística deve receber R$ 163,5 bilhões no período - 9,4% ao ano.

Os maiores investimentos previstos para o bloco estão em transporte rodoviário, R$ 62,4 bilhões, com crescimento de 15,6%, e nos portos, 124%, nos próximos quatro anos, com previsão de R$ 33,7 bilhões de inversão.
Os investimentos em ferrovias no mesmo período serão R$ 59,3 bilhões, com 108,4% de aumento em relação ao quadriênio imediatamente anterior. Em aeroportos, devem chegar a R$ 8,1 bilhões, um aumento de 19,5% na comparação com os quatro anos anteriores. 

Apesar da desaceleração da renda, do crédito e do emprego neste ano, os ramos ligados ao consumo têm um horizonte positivo, segundo o BNDES. Entre eles, está automotivo, com 67% de alta dos investimentos, estimados em R$ 75 bilhões nos próximos quatro anos. O ramo tomou da indústria extrativa mineral o segundo lugar em investimentos.

Outros setores que se movem de acordo com o consumo das famílias e que devem ampliar investimentos são eletroeletrônica (26%) e complexo industrial da saúde (29%) 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai receber, provavelmente ainda neste mês, um empréstimo de R$ 20 bilhões do Tesouro Nacional. O dinheiro servirá para o banco de fomento manter o forte ritmo de concessão de crédito no fim do ano e nos primeiros três meses de 2014. Com essa transferência, o Tesouro terá repassado ao BNDES um volume total de R$ 35 bilhões ao longo de 2013. Esse montante foi revelado pela primeira vez pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista publicada no domingo, 20, pelo jornal O Estado de S. Paulo

Críticos do mercado apontam para uma "Tesouro-dependência" do BNDES. Em 2010, o governo transferiu R$ 80 bilhões ao banco, seguidos de R$ 55 bilhões em 2011 e R$ 45 bilhões no ano passado. De acordo com o balanço do banco, o Tesouro repassou R$ 300,25 bilhões para reforçar a capacidade de empréstimos do BNDES nos últimos cinco anos.
A enorme ampliação do papel do BNDES no mercado de crédito brasileiro foi definida pela equipe econômica como estratégica, no início de 2009, para contrabalançar os efeitos da explosão da crise mundial, que fez retrair a concessão de empréstimos do setor financeiro privado.

A instituição de fomento tem conseguido bater recordes de liberação de financiamentos. Nos primeiros sete meses deste ano, o BNDES liberou R$ 102 bilhões em crédito, volume 50% superior a igual período do ano passado. Com o repasse de R$ 20 bilhões que chegará do Tesouro nos próximos dias, o BNDES terá condição de cumprir sua estimativa de desembolsar entre R$ 185 bilhões e R$ 190 bilhões em financiamentos para as empresas ao longo de 2013.

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