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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Brasil inaugura voo comercial com combustível biológico

A companhia Gol Transportes Aéreos do Brasil inaugurou na quarta-feira (23) o primeiro voo comercial com combustível alternativo.


O voo partiu de Congonhas, em São Paulo, em direção a Brasília. A novidade é que é este voo recorre a uma mistura de óleo de cozinha reciclada de restaurantes na Califórnia.Segundo a Gol, o uso de combustível alternativo pode reduzir em 80% as emissões de gás com efeito de estufa. A companhia planeja aumentar para 200 o número dos vôos com combustível biológico durante a Copa do Mundo 2014.
Companhias aéreas deverão diminuir, até 2050, pela metade as emissões de CO2 e, para isso, terão que encontrar alternativas ao uso do querosene como combustível. Segundo estudos, a utilização do bioquerosene alternativo pode se tornar uma opção na luta contra a poluição. 
Fazer os motores funcionarem a partir do bioQAV não exige qualquer mudança na estrutura mecânica das máquinas. Mas adotar o bioquerosene como “combustível padrão” ainda não é uma opção à indústria aérea. Enquanto uma solução não for devidamente emplacada, um tipo de campanha de conscientização à procura por incentivos deverá ser feita. 
A Gol, como transportadora oficial da seleção brasileira nesta Copa, pretende realizar 200 voos com bioQAV – algo puramente simbólico, uma vez que a companhia executa cerca de 25 mil voos a cada mês. A intenção é demonstrar a urgência de debates acerca deste assunto e angariar, quem sabe, algum tipo de apoio (como patrocínios ou redução de tributos).

A iniciativa é um marco no programa Plataforma Brasileira de Bioquerosene, uma iniciativa que reúne Boeing, Embraer, Gol, Amyris e outras empresas e entidades públicas com o objetivo de viabilizar uma produção em escala comercial.
Atualmente, os combustíveis de aviação alternativos custam de 350% a 400% mais caros do que o QAV normal. "Com 25% de mistura, vamos gastar o dobro do que o custo normal do voo", diz o diretor de técnico operacional da Gol, Pedro Scorza. O litro do QAV custa R$ 2, enquanto o alternativo custa R$ 7,5. 
O memorando de entendimentos prevê que GOL e Amyris trabalharão juntas para estruturar um programa de uso de combustível de aviação renovável derivado de cana-de-açúcar em voos comerciais da GOL, que seria implementado após as conclusão das validações de especificações técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a ASTM Internacional e a Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Esta parceria, que faz parte da Plataforma Brasileira do Bioquerosene, uma iniciativa apoiada pela indústria e pelo governo para promover o uso de combustíveis renováveis na aviação, foi anunciada na quarta-feira, dia 23, durante cerimônia de celebração do Dia do Aviador, com a participação do ministro chefe Moreira Franco da Secretaria de Aviação Civil (SAC), bem como outros representantes da indústria aeronáutica como Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR), União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (UBRABIO), GE, e Boeing, entre outras.

"A GOL apoia todas as iniciativas que buscam soluções para tornar a aviação brasileira cada vez mais sustentável", explica Paulo Kakinoff, presidente da GOL.
Segundo a Amyris, a análise do ciclo de vida indica que o combustível de aviação renovável fornecido pode reduzir as emissões de gás de efeito estufa em 80% ou mais, se comparado com o combustível convencional derivado de fonte fóssil. "Nós estamos comprometidos em trabalhar com a indústria de aviação para tornar os céus mais limpos, começando pelo Brasil em 2014. Após o sucesso que obtivemos com nossos dois voos de demonstração e uma série de resultados de testes com múltiplos atores da indústria, estamos confiantes na validação pela indústria e ASTM e inclusão na regulamentação da ANP", disse John Melo, Presidente da Amyris, Inc.

A GOL consolidou em 2013 importantes projetos e tem estabelecido parcerias cada vez mais sólidas. Em setembro fez parte do lançamento do projeto Céus Verdes do Brasil, por um espaço aéreo cada vez mais eficiente para clientes e a indústria da aviação brasileira e, hoje, faz história ao ser a primeira companhia aérea a realizar o primeiro voo comercial com biocombustível do Brasil.
Cerca de 1.500 voos comerciais (com passageiros pagantes) foram realizados no mundo com alguma mistura de bioQAV. Nos últimos seis meses, a KLM realizou um voo por semana de Amsterdã para Nova York, também com óleo de cozinha reciclado. Mas o voo contou com o patrocínio de empresas para se viabilizar. 
No Brasil, Azul e a própria Gol já fizeram voos testes, sem passageiros, durante a Rio+20, no ano passado.  A busca por um combustível menos poluente parte de um princípio básico: que ele possa ser misturado ao combustível fóssil, sem que seja preciso fazer mudanças nos motores. A ANP já regulamentou o uso de bioQAV. 

O Brasil já conta com uma refinaria capaz de produzir bioQAV a partir da cana, a Amyris, em Brotas. Mas o produto ainda depende de certificação internacional, o que está previsto para acontecer até o final do ano.
A Amyris Brasil Ltda. opera uma planta em escala comercial de produção de hidrocarbonetos renováveis no município de Brotas, no interior do estado de São Paulo, ao lado da Usina Paraíso. Esta planta está em operação desde o final de 2012 e produz uma molécula chamada farneceno que pode ser processada e transformada em Bioquerosene, o qual pode ser adicionado ao querosene de aviação convencional mantendo-se dentro das especificações brasileiras e internacionais.


O uso de bioquerosene pelo setor aéreo brasileiro será inviável sem políticas públicas como as adotadas para incentivar o uso do álcool veicular, afirmou o presidente da Abear, associação que representa as quatro maiores empresas áreas do Brasil, nesta quinta-feira.
"Se não houver políticas públicas para o bioquerosene, não vai ter bioquerosene", disse Eduardo Sanovicz durante palestra em um evento promovido pela Gol, que realizou o primeiro voo com bioquerosene na véspera. Segundo ele, o bioquerosene é quatro vezes mais caro que o querosene de aviação usado pelas empresas atualmente, e cujo preço tem subido em meio a alta do dólar e pesado nos custos das companhias.

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