O Banco Central do Brasil elevou nesta quarta-feira em 0,5 ponto a taxa Selic, situada agora em 9,5% ao ano, em uma decisão esperada pelo mercado e focada no combate à inflação, informou o organismo nesta quarta-feira.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, reunido desde a terça-feira, "estima que a decisão contribuirá para reduzir a inflação e garantir que esta tendência continue no próximo ano", destaca a nota do BC. A alta foi decidida "por unanimidade".
Esta é a quinta alta consecutiva da taxa Selic em 2013, em um ciclo de ajuste monetário iniciado em abril passado para combater o avanço da inflação.
Em abril, o organismo elevou a Selic em 0,25 ponto a 7,5%, revertendo o mínimo histórico de 7,25%, vigente desde outubro de 2012.
Em setembro, a inflação no Brasil foi de 5,86% em 12 meses, dentro do limite máximo fixado pelo governo, de 6,5%, contra 6,09% em agosto.
A última reunião do ano do Copom será no final de novembro e o mercado estima que a Selic subirá para 9,75%.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou o aumento da taxa básicas de juros (Selic), anunciada pelo Banco Central (BC). Na avaliação da Fiesp, foi um erro elevar a taxa em razão de a inflação estar dentro da meta e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) apontar para um resultado negativo no terceiro trimestre.
“Este novo aumento da taxa de juros vem prejudicar o momento propício à retomada da atividade. O estímulo à produção nacional dado pela desvalorização cambial será anulado pelo aumento da taxa de juros. É hora de baixar juros e aumentar o investimento público direto e em concessões, para voltarmos a crescer”, disse, em nota, Paulo Skaf, presidente da entidade.
Foi o quinto aumento seguido desde abril, dos quais quatro com variação de 0,5 ponto percentual.
O comitê afirmou que a decisão "contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".
A alta já era amplamente esperada pelo mercado e leva o Brasil ao primeiro lugar no ranking mundial de juros reais.
A expectativa de que a Selic possa voltar ao patamar de dois dígitos, algo que não ocorre desde janeiro de 2012, e que este ciclo de aperto possa se estender por mais tempo tem crescido entre os agentes econômicos, já que a inflação ainda está flertando com o teto da meta de inflação.
A pesquisa Focus do BC mostrou no início dessa semana que as Top 5, instituições que mais acertam as estimativas, veem a Selic subindo a 10,5 por cento ao ano até fevereiro de 2014, com uma elevação de 0,5 ponto em novembro, na última reunião do Copom neste ano, e outras duas altas de 0,25 ponto em janeiro e em fevereiro.
Mas, pelo menos até aquele momento, a maior parte do mercado acreditava que a Selic subiria até 9,75 por cento e se manteria neste patamar ao longo de 2014.
A manutenção do aperto monetário, iniciado em abril e que já elevou a taxa básica de juros em 2,25 pontos percentuais, ocorre num ambiente de inflação ainda pressionada e atividade econômica fraca. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro com alta de 5,86 por cento em 12 meses, no menor patamar desde dezembro passado, mas ainda longe do centro da meta de inflação do governo, de 4,5 por cento, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O próprio BC, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, previu que a inflação não deve ceder tão cedo, ficando em 5,8 por cento neste ano e 5,7 por cento em 2014. Na ocasião, o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que ainda havia "bastante trabalho" para combater a inflação.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, vem reiterando que o objetivo é trazer a inflação para a meta de 4,5 por cento, mas sem colocar prazos.
A elevação dos juros para combater a inflação tem impacto negativo no crescimento econômico, justamente em um momento em que a economia brasileira ainda patina. Tanto o governo quanto o mercado em geral veem que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer apenas 2,5 por cento neste ano.
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