O brasileiro está colocando mais suco, sabão líquido e batata congelada no carrinho de compras e consumindo menos purê de tomate, leite de saquinho e bronzeador, segundo pesquisa divulgada pela Kantar Wordpanel.
Os resultados mostram diminuição no volume de compras, o que não acontecia desde 2003. Já o valor das cestas aumentou, confirmando a percepção de que o brasileiro vem comprando menos para poder continuar consumindo marcas. Este contexto é observado principalmente nas cestas de produtos de higiene, beleza e bebidas, segmentos com os índices mais elevados de reconhecimento de valor.
A Kantar Worldpanel e a Nielsen investigaram o cenário atual de consumo de bens não duráveis em 48 milhões de domicílios e descobriram que o brasileiro passou a diminuir o volume de itens comprados, substituir alguns produtos e trocar os locais de compra na tentativa de preservar o mesmo patamar de consumo conquistado nos últimos anos. De acordo com os dados apurados, 51% dos lares gastou mais do que ganhou em 2012.
Das 76 categorias de produtos pesquisados, a de sucos prontos foi a que registrou a maior alta em volume de unidades comercializadas no 1º semestre de 2013 - alta de 23,7% ante os seis primeiros meses do ano passado. No caso do sabão líquido para roupa, o crescimento foi de 22,8%. Já a batata congelada teve aumento de 12,63% nas vendas. Veja ranking ao lado
"Suco pronto e batata congelada são as categorias 5 estrelas, pois cresceram tanto em volume como em alcance, frequência e gasto médio", disse Christine Pereira, diretora comercial da Kantar.
Ela explica que as categorias que tem mais se destacado são as relacionadas à praticidade, sofisticação, saúde e o ao chamado "eu mereço".
Na outra ponta, os produtos que tiveram a maior queda no volume comercializado foram purê de tomate (-16,6%), leite pausterizado de saquinho (-15,8%) e bronzeador (-15,8%).
Segundo a pesquisa, as diferenças no consumo entre as classes sociais se dá mais em termos de frequência e qualificação do produto do que em termos de categorias que entram no carrinho de compras.
O estudo aponta as famílias das classes D e E ampliaram a sua cesta de produtos de consumo básico, passando a consumir, ainda que em baixa frequência, produtos até então considerados supérfluos como creme de leite, extrato de tomate, cereal, tempero, absorvente higiênico, cremes e loções e maionese.
Pelos critérios da pesquisa, são consideradas categorias básicas os produtos comprados ao menos uma vez por ano e com penetração em mais de 70% dos lares. Tanto na classes C como na classe DE, o carrinho de compras básico inclui atualmente 43 das 78 categorias analisadas. Em 2008, eram, respectivamente, 38 e 34 itens. Na classe AB, o número de produtos passou de 40 para 48.
Segundo o levantamento, os itens que ainda não entraram na cesta de produtos básicos das famílias da classe média e de renda baixa e que representam os atuais sonhos de consumo em termos de produtos não-duráveis são: requeijão, catchup, cerveja, sobremesa em pó e suco pronto.
A pesquisa apontou que em 2012 a renda das famílias brasileiras cresceu mais que o gasto médio, mas que, por outro lado, em 51% dos lares o gasto mensal superou a renda média do mesmo período. Em 2011, esse percentual ficou em 52%.
Segundo o levantamento, a renda média superou o gasto médio em 2%. A renda média mensal nacional em 2012 foi de R$ 2.603, alta de 9,7% ante 2011, segundo a pesquisa. Já o gasto médio subiu 8,1%, para R$ 2.542. Em 2011, a relação renda versus gasto tinha ficado em 1%.
A Kantar prevê que o percentual de famílias com gasto superior à renda deve se manter estável em 2013.
Para 2014, o instituto estima que as vendas dos produtos não-duráveis devem crescer de 2% a 3% em volume e 10% em valor, ante a alta de 2% e 11%, respectivamente, registrada no primeiro semestre do ano.
Pelo menos 51% das famílias brasileiras gastaram mais do que ganharam em 2012 no Brasil. Em 2011, o percentual era um pouco maior, de 52%. Para este ano, no entanto, a previsão é de manutenção dos 51%, por causa da inflação e dos novos hábitos de consumo das classes D e E. Os dados são de estudo divulgado na tarde desta terça-feira (8) pela Kantar Worldpanel e foram obtidos a partir de visitas semanais em 8.200 lares.
A pesquisa mapeia os hábitos de consumo em todas as classes sociais e regiões do país. Uma das principais constatações é que, mesmo com a inflação, que elevou em 11% o valor médio gasto no primeiro semestre deste ano, o volume comercializado cresceu 2% no mesmo período. Em 2012, essa relação foi de diminuição de 1% no volume e 5% de aumento nos preços. Em 2009, com a inflação no centro da meta determinada pelo Banco Central (de 4,5%), a alta no volume vendido foi de 17% contra um aumento de preços de 13%.
O estudo também identificou mudanças no perfil de consumo. Os gastos com a educação têm um papel mais relevante no total do orçamento do brasileiro. Em 2012, itens como creches, escolas e transporte escolar entraram pela primeira vez nas cinco categorias que mais contribuem para a alta do gasto médio das famílias.
De acordo com o estudo, educação representou 3,5% do total do gasto familiar no período, ficando no quarto lugar das categorias que mais contribuíram para o crescimento. A alimentação dentro do lar ocupa a liderança, seguida por transporte e vestuário.
Ao decompor a pesquisa, nota-se que nas classes D e E, o gasto aumentou 11% ante 2011, contra avanço de 7% da renda. Nas classes A e B, a renda média cresceu 10% e o gasto 9%. Já na classe C, a renda aumentou 11% e o gasto 6%.
Ainda de acordo com o levantamento, as categorias que tiveram maior crescimento nos gastos dos brasileiros foram: alimentação e bebida, transporte, vestuário, educação (pela primeira vez entre os cinco primeiros) e serviços financeiros.
A cesta de consumo de bens não-duráveis deve expandir em 2014 no mesmo ritmo do primeiro semestre deste ano, revelou um estudo da Kantar Worldpanel apresentado nesta terça-feira, 08. Levantamento dos primeiros seis meses em 8,2 mil lares brasileiros mostrou que a cesta de alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza cresceu 2% em volume. A previsão é que o patamar de 2% a 3% se mantenha no ano que vem.
Em receita, a expectativa é de crescimento nominal de 10% em 2014. No primeiro semestre deste ano, houve alta de 11%. Os números descrevem um cenário semelhante ao de 2011, mas com recuperação no comparativo com o ano passado, quando a cesta encolheu 1% em volume e cresceu 5% em valor nominal. Os 8,2 mil lares acompanhados no estudo são uma amostra representativa de ao menos 48 milhões de casas.
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