O Bradesco obteve lucro líquido contábil de R$ 3,911 bilhões no segundo trimestre de 2017, uma queda de 5,4% na comparação com o mesmo período do calendário anterior.
O lucro ajustado ficou em R$ 4,704 bilhões, aumento de 13% na mesma base de comparação.O principal efeito extraordinário do Bradesco no segundo trimestre foi o ágio da incorporação do HSBC. Além disso, uma mudança regulatória na Cielo gerou um efeito contábil no Bradesco, que é um dos controladores da empresa de meio de pagamentos.
A margem financeira total ficou em R$ 15,484 bilhões no segundo trimestre deste ano, alta de 3,5% na comparação anual.
A despesa com provisão para devedores duvidosos (PDD) correspondeu a R$ 4,970 bilhões, queda de 1,1% ante o segundo trimestre de 2016.
Com o semestre fechado — o lucro líquido no acumulado do ano é de R$ 7,982 bilhões, um recuo de 3,3% — o banco decidiu fazer uma revisão nas suas projeções para o ano, esperando um menor crescimento da carteira e das receitas, mas também menores provisões para devedores duvidosos (PDD).
A carteira de crédito deve terminal o ano com um recuo entre 1% e 5%. Na projeção anterior, a expectativa era de expansão de 1% a 5%. Já para as receitas, incluindo ainda o HSBC, a expectativa era de um crescimento de 7% a 11%. Agora, o aumento deve ser mais modesto, de 2% a 6%. Por outro lado, as despesas com PDD devem ficar entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, R$ 3 bilhões abaixo da projeção anterior.
O movimento reflete a lenta recuperação econômica do país, que fez o Bradesco registrar contração da carteira de crédito pelo terceiro trimestre seguido. No fim de junho, a carteira de empréstimos do banco totalizava R$ 493,6 bilhões, montante 1,8% menor do que em março. Em doze meses, há uma alta de 10,3%. No entanto, isso ocorre devido à incorporação da carteira do HSBC.
Com crédito em queda, a a margem financeira do banco se contraiu em 0,8% sobre o trimestre anterior, a R$ 15,5 bilhões, refletindo também a queda da Selic e o foco do banco em operações de menor risco, mas de menor rentabilidade.
“De maneira geral, os indicadores de atividade seguem sugerindo uma recuperação bastante gradual e não linear da economia”, comentou o Bradesco em seu relatório de resultados.
O Bradesco fechou nesta quarta-feira, 26, a venda de R$ 4,8 bilhões em carteiras de empréstimos vencidas e inadimplentes, os chamados créditos podres. A Ativos, do Banco do Brasil, ficou com as operações do concorrente mais uma vez. A gestora levou quatro dos seis lotes ofertados, totalizando R$ 2,8 bilhões.
Os outros dois lotes foram para outro competidor e somaram R$ 2 bilhões. Dentre os candidatos que disputaram as carteiras de crédito podre do Bradesco, a Recovery, do Itaú Unibanco, também fez seu lance. O valor pago pelos compradores ficou próximo de 1% do valor de face das carteiras. No caso de vencimentos mais recentes, o preço foi mais alto.
A inadimplência acima de 90 dias foi de 4,9% no segundo trimestre, ante 5,6% nos três primeiros meses deste ano e 4,6% no segundo trimestre do calendário anterior. Segundo o banco, essa segunda redução trimestral consecutiva foi ajudada, principalmente, pelos segmentos de Pessoas Físicas (6,21% no segundo trimestre, ante 6,66% no primeiro) e Micro, Pequenas e Médias Empresas (7,20%, ante 8,26%). A inadimplência para grandes empresas recuou a 1,52%, ante 2,29% no primeiro trimestre.
A inadimplência de curto prazo, compreendendo as operações vencidas de 15 a 90 dias, apresentou redução no trimestre (4,19%, ante 4,31% no primeiro), mais uma vez influenciada positivamente pelas Pessoas Físicas (5,51%, ante 5,95%). “O aumento na inadimplência das Pessoas Jurídicas, no último trimestre, decorreu da redução no estoque de crédito, ao passo que as operações vencidas permaneceram estáveis”, diz o Bradesco no relatório. Nesse critério, a inadimplência para grandes empresas avançou a 3,10%, após marcar 2,99% nos três primeiros meses de 2017.
No fim de junho, a carteira de crédito expandido somava R$ 493,6 bilhões, queda de 1,8% em três meses e alta de 10,3% em 12 meses. O retorno sobre patrimônio líquido médio foi de 18,2% no segundo trimestre.
O Bradesco apontou ainda que o total de ativos no trimestre somou R$ 1,291 trilhão, ante R$ 1,294 trilhão no primeiro trimestre e R$ 1,105 trilhão no mesmo intervalo de 2016. A alta anual deve-se, em parte, à consolidação do HSBC a partir de julho do calendário passado.
A margem financeira de juros atingiu R$ 31,678 bilhões no primeiro semestre de 2017, apresentando crescimento de 7,3% em relação a um ano antes.
Entre os eventos extraordinários que tiveram impacto no lucro líquido contábil, o Bradesco contabilizou R$ 1,370 bilhão no primeiro semestre relativos a amortização de ágio (bruto). Além disso, outros R$ 210 milhões foram registrados em função de mudança regulatória na Cielo.
Crédito
O Bradesco continuou a apresentar queda no crédito a pessoa jurídica no segundo trimestre deste ano, ainda refletindo o cenário econômico e a demanda fraca.
De acordo com o banco, o estoque de operações com grandes empresas recuou 2,3% em relação ao fim de março. No segmento de micro, pequenas e médias companhias, a queda foi de 4,1%. A carteira de pessoas físicas mostrou estabilidade.
Em relação a junho de 2016, o estoque de operações com grandes empresas avançou 13,8%, o que, em parte, reflete a compra do HSBC. A carteira de micro, pequenas e médias empresas, no entanto, encolheu 5%. O volume de crédito a pessoas físicas aumentou 15,5% no período, impulsionado por financiamento imobiliário, cartão de crédito e consignado (operações com desconto em folha de pagamento).
As operações com empresas representaram 65,1% da carteira de crédito expandida do Bradesco.
Projeções
O banco reduziu suas projeções para a carteira de crédito expandida e agora prevê uma queda de 1% a 5% no saldo neste ano. O Bradesco também passou a prever um crescimento menor da margem financeira de juros, que agora deve se expandir entre 2% e 6% neste ano, em vez de entre 3% e 7%.
Por outro lado, as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) — item que pesou nos balanços dos bancos no ano passado — devem desacelerar. A nova projeção do Bradesco indica que elas ficarão entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões neste ano. A estimativa anterior era de R$ 21 bilhões a R$ 24 bilhões.
As despesas com PDD totalizaram R$ 9,832 bilhões entre janeiro e junho, com queda de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
O banco reduziu para a faixa de 8% a 12% a estimativa de crescimento da receita com prestação de serviços, que antes era de 12% a 16%. As despesas operacionais devem crescer de 7% a 11%, abaixo da estimativa dada no início deste ano, de 10% a 14%.
O Bradesco manteve a projeção de crescimento de 6% a 10% dos prêmios de seguros.
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