A adesão da JBS ao Programa Especial de Regularização Tributária -- o chamado Refis -- fez o lucro da empresa recuar no terceiro trimestre deste ano, apesar do desempenho operacional recorde no período.
No terceiro trimestre do ano, o lucro líquido da JBS somou R$ 323 milhões, queda de 63,6% ante os R$ 887 milhões do mesmo intervalo de 2016. Não fosse o Refis, o lucro da JBS teria mais do que dobrado, atingindo R$ 1,9 bilhão, informou ontem a empresa. No período, a receita líquida da JBS ficou praticamente estável -- leve queda de 0,1% --, em R$ 41,1 bilhões.
A processadora de carne de frango americana Pilgrim's Pride, controlada pela JBS, divulgou um lucro líquido de US$ 232,68 milhões no terceiro trimestre deste ano. O valor é 135,84% superior ao obtido no mesmo período do ano passado, quando a empresa reportou lucro líquido de US$ 98,66 milhões.
Em setembro passado, a JBS anunciou que vendeu sua participação acionária na Moy Park, uma das principais processadoras de alimentos na Europa, por cerca de US$ 1 bilhão para a Pilgrim's Pride. Com os recursos, a JBS vai amortizar dívida de curto prazo no Brasil, melhorando o perfil do seu endividamento.
De acordo com o balanço da Pilgrim's, as vendas líquidas atingiram US$ 2,793 bilhões no trimestre, alta de 11,94% em relação ao trimestre anterior. Segundo Bill Lovette, presidente da companhia, as operações foram "robustas" nos Estados Unidos e superaram as expectativas no México.
“Apesar da maior disponibilidade de proteína alternativa, houve forte demanda por frango e é esperada continuação deste consumo nos mercados americano e internacional”, afirmou Lovette.
Sobre a aquisição da Moy Park, anunciada em 11 de setembro, o executivo demonstrou otimismo, “as novas operações européias se alinham com nossas prioridades estratégicas de expansão geográfica e de marcas, além disso, acreditamos que temos o método e a equipe para continuar a crescer a lucratividade de nossos negócios na Europa".
A JBS teve lucro líquido de 323 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 64 por cento sobre o resultado de positivo de um ano antes, impactada por adesão a programa de refinanciamento de dívidas e queda de desempenho no Brasil, segundo balanço da processadora de carne divulgado na noite desta segunda-feira.
A companhia, cujos acionistas controladores estão presos e é dona de marcas como Seara, Friboi e Swift, informou que os resultados no Brasil não foram acompanhados de revisão por auditor independente uma vez que a empresa aguarda o fim da investigações relacionadas ao acordo de leniência entre a holding J&F e o Ministério Público Federal.
Apesar disso, a empresa afirma que o balanço de suas unidades no exterior, que compõem 75 por cento da receita consolidada do grupo, foram auditados.
No balanço, a JBS cita que é investigada em sete "procedimentos criminais", operações da Polícia Federal -Greenfield, Sepsis, Cui Bono, Bullish, Carne Fraca, Lama Asfáltica e Tendão de Aquiles. Além disso, a empresa é citada em duas CPIs no Congresso e quatro ações populares e uma societária aberta pelo BNDES e Caixa Econômica Federal.
Segundo a JBS, a empresa teria tido lucro líquido de 1,9 bilhão de reais no terceiro trimestre, não fosse a adesão ao programa de refinanciamento de débitos tributários da União no valor de 4,2 bilhões de reais. A empresa informou na semana passada que essa adesão traria um impacto negativo no lucro líquido do terceiro trimestre de 2,3 bilhões de reais e uma economia total de 1,1 bilhão.
No terceiro trimestre do ano passado, a JBS havia lucrado 887 milhões de reais.
A companhia apurou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 4,32 bilhões de reais, alta de 37 por cento na comparação anual, impulsionada em resultados melhores de divisões de aves, bovinos e suínos nos Estados Unidos, e na de alimentos processados e aves Seara.
"Como já havia dito, está só no começo", afirmou o CEO da JBS USA, André Nogueira. À frente de negócios que respondem por 75% das vendas da JBS, o executivo acredita que, em 2018, as operações americanas devem bater novo recorde, uma vez que a demanda por carne deve seguir aquecida nos EUA, ao passo que o preço do boi cairá de 2% a 3%, de acordo com as projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Além disso, o negócio na Austrália, que ainda enfrenta um cenário mais difícil devido à retenção do rebanho bovino, deve melhorar ao longo de 2018, ressaltou Nogueira.
Afora os fundamentos positivos de oferta e demanda previstos para 2018, a JBS também vislumbra ganhos de eficiência nas operações internacionais. "Ainda temos uns US$ 500 milhoes de melhoria interna [para realizar]", disse Nogueira.
No Brasil, o terceiro trimestre consolidou a recuperação da Seara, subsidiária que foi bastante afetada em 2016 pelo milho mais caro. Entre julho e setembro, a margem Ebitda da Seara atingiu 11,1%, ante os 7,3% vistos em igual intervalo de 2016.
Mas as operações com bovinos no Brasil, tiveram baixa de quase 79 por cento no Ebitda, com a receita recuando 24 por cento. A empresa afirmou no balanço que o desempenho foi causado por venda das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai, bem como redução de 17 por cento no volume de animais processados no Brasil na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Além disso, houve redução no volume de exportações.
"A companhia tem focado nos canais e cortes mais rentáveis, valorizando o mix de produtos, o que proporcionou um aumento de 11,7 por cento no preço médio de venda da carne in natura", afirmou a JBS.
Mais cedo, a rival Marfrig divulgou que encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de 58 milhões de reais, redução ante resultado negativo de 156 milhões registrado um ano antes. A empresa citou aceleração de expansão de unidades no Brasil, incluindo algumas que haviam sido fechadas anteriormente.
A JBS terminou setembro com uma relação de endividamento líquido de 3,42 vezes Ebitda ante 4,16 vezes no fim de junho. Um ano antes, a alavancagem divulgada foi de 4,32 vezes.
A dívida líquida caiu quase 5 bilhões de reais do segundo para o terceiro trimestre, com a empresa concluindo em setembro a venda da Moy Park na Europa para sua unidade nos EUA Pilgrim's Pride por 1 bilhão de dólares..
A porcentagem da dívida de curto prazo em relação à dívida total ficou em 27 por cento no terceiro trimestre, dos quais 73 por cento são linhas lastreadas às exportações de unidades brasileiras.
Na contramão da Seara, o negócio de bovinos no Brasil confirmou as estimativas pessimistas do mercado. No terceiro trimestre, o Ebitda da divisão totalizou R$ 72,5 milhões, redução de 78,6%. A margem Ebitda foi de apenas 1,4%, ante 5% no mesmo período de 2016.
Dentre todas as operações da JBS, a de carne bovina no Brasil foi a mais afetada pela delação dos controladores da empresa, gerando resistência nos pecuaristas e forte queda nas vendas -- 31,4% no Brasil e 13,7% na exportações.
Questionado, Tomazoni disse que pior momento já passou e que uma recuperação "gradual" está em curso. Ele ponderou que o negócio no Brasil só é responsável por 12% da JBS. "Essa é a vantagem de ter uma empresa diversificada", disse.
Na área financeira, a robusta geração de caixa e as vendas da Moy Park e dos ativos no Mercosul permitiram uma redução de R$ 4,8 bilhões na dívida líquida. O índice de alavancagem caiu de 4,16 vezes em junho para 3,42 vezes em setembro. É a menor alavancagem entre as companhias de carnes listadas na B3.
O processo de desalavancagem seguiu neste trimestre, com a entrada de R$ 786 milhões da venda da Vigor à Lala. Além disso, o CEO da JBS USA espera anunciar ainda este ano a venda da Five Rivers, nos EUA.
A adesão ao Refis gerou um impacto de R$ 2,3 bilhões no caixa da companhia. Do total, R$ 1,8 bilhão foi registrado como despesa administrativa e R$ 927 milhões como resultado financeiro.
Houve um ganho de R$ 436 milhões com imposto de renda diferido, também resultado da inclusão.
Com o benefício, a empresa conseguiu triplicar o caixa livre, ou seja, a quantidade de dinheiro que gerou em vez da que gastou, para R$ 3,2 bilhões em relação ao trimestre do ano anterior. A dívida líquida encolheu R$ 4,8 bilhões para R$ 45,5 bilhões.
Como consequência, a alavancagem caiu de 4,16 vezes, no segundo trimestre, para 3,42 vezes no terceiro.
O endividamento total da companhia ficou composto por 27% de dívidas de curto prazo e 73% de longo –a maioria dessa lastreada às exportações das unidades brasileiras.
As dívidas em dólar ainda tem um forte peso para a empresa e equivalem a 94% do total devido.
A receita da empresa de julho a setembro ficou estagnada em R$ 41,1 bilhões. As exportações representaram 27% do total de vendas globais da companhia.
Entre as unidades de negócios, a JBS Brasil foi a que apresentou maior recuo de receita no terceiro trimestre, uma queda de 24,4%. O ebtida despencou 78,6% para R$ 72,5 milhões no período.
O recuo foi atribuído à venda das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai, a primeira fechada pela empresa desde os escândalos de corrupção envolvendo o governo.
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